sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Educação - Volp resolve as dúvidas do novo acordo

A 5ª edição do Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa lista a grafia de 340 mil palavras

Nunca um livro foi tão esperado por escritores, jornalistas, revisores e professores como a 5ª edição do Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (Volp), que chegou às livrarias por R$ 120,00 no começo de abril. A obra, editada pela Editora Global e produzida pela Academia Brasileira de Letras (ABL), faz justiça à espera: é um calhamaço de 974 páginas. O motivo da ansiedade pelo seu lançamento estava claro desde janeiro: com a entrada em vigor no Brasil da nova ortografia da língua portuguesa, o Volp, que lista a grafia correta de cerca de 340 mil palavras, era essencial para tirar todas as dúvidas deixadas pelas novas regras. O livro traz ainda a grafia de palavras estrangeiras utilizadas no português e as abreviaturas mais comuns no idioma.

Apesar de solucionar problemas, o Volp mostra que o acordo ortográfico não obedece a regras tão lógicas quanto foi defendido em sua criação, em 1990. O grande imbróglio continua sendo o uso do hífen em palavras compostas, o que vai fazer com que pelo menos quem escreve não deixe de consultar o Volp por um bom período. O problema começou na redação do acordo ortográfico. Apesar de simplificar as regras para o uso do hífen no caso dos prefixos por agrupar um número maior de partículas, como “anti”, “ante”, “micro”, “micro” e “semi” e vários outras numa mesma regra (ao contrário de antes, em que cada uma tinha uma regra própria), é difícil entender o que se pretendia com a frase “não se usa hífen nas palavras que, em certa medida, perderam a noção de composição”. Nada mais subjetivo. Como saber, por exemplo, se “para-raios” se enquadra nesse caso? O texto do acordo deu seis exemplos: girassol, pontapé, madressilva, para-quedas (antes pára-quedas), paraquedista e mandachuva (antes manda-chuva), mas cita um “etc.”, deixando claro que há outros vocábulos que se enquadram no mesmo caso.

E você, colocaria ou não hífen em “mão-de-obra” e em “matéria-prima”? “Os idealizadores do acordo afirmam que certas mudanças se fundamentam na percepção do falante. Quando ele não percebe a presença de mais de uma unidade de sentido da palavra composta, o hífen deve ser abolido. Isso explicaria a grafia atual de paraquedas (antes pára-quedas). “Mas como posso afirmar que o falante não percebe duas unidades nessa palavra e as percebe em para-raios?”, questiona a professora Jauranice Rodrigues Cavalcanti, da Faculdade de Letras da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas). Em tempo, pela nova grafia, ficou “mão de obra” e “matéria-prima”.

O gramático Evanildo Bechara, uma das principais lideranças sobre reforma ortográfica no Brasil e coordenador da equipe da ABL que produziu o Volp, explica que, apesar das críticas, houve uma lógica na decisão sobre qual seria a grafia considerada correta. “Nosso objetivo foi respeitar o texto do acordo, mas não deixar de lado a tradição linguística”, explicou. De acordo com o gramático, a extinção do hífen ficou restrita às palavras explicitadas no texto do acordo e “admitiu casos consagrados pelo uso”. É por isso, de acordo com ele, que “parapeito” continua sendo escrito sem hífen e “para-raios” permanece com o sinal. “Já era assim. Não haveria motivo para mudar. Nenhuma decisão da ABL foi aleatória”, defendeu-se Bechara.

O Volp é importante ainda para quem quer saber a pronúncia correta das palavras, principalmente naquelas em que existia o trema, que foi abolido. Nesses casos, a obra aponta para a presença do “ü” entre parênteses, logo depois de indicar a grafia. A partir do lançamento do Volp, que não traz o significado das palavras, devem chegar às livrarias, em poucos dias, as edições atualizadas dos dicionários.

Duplas grafias

O Volp, na opinião da professora Jauranice, é uma prova de que a unificação da ortografia, principal argumento dos idealizadores do acordo, nunca vai ocorrer. Uma das razões para isso é a aceitação de duplas grafias em várias situações. Antes da nova ortografia, pouquíssimas palavras eram consideradas corretas se escritas de duas formas. Era o caso, por exemplo, de “quatorze” e “catorze”. Agora, o leque é maior. Está correto escrever tanto “sub-humano” quanto “subumano” ou então “carbo-hidrato” como “carboidrato”. Nesses dois casos, de acordo com Bechara, a lógica é a mesma: seguir o que preconiza o acordo, mas também não deixar de considerar a tradição.

O texto que institui a nova ortografia diz que, diante de palavras iniciadas com “h”, sempre haverá o hífen quando ocorrer a inclusão de um prefixo. “Em alguns casos, no entanto, não se pode abrir mão do uso corriqueiro, que provavelmente continuará a ser usado pela maioria das pessoas”, explicou Bechara. Assim, a forma correta citada pelo documento é “co-herdeiro”. Apesar da fidelidade declarada por Bechara ao acordo, o Volp fez uma alteração. “Optamos por coerdeiro para que seja coerente com o restante da regra, que diz que, com o prefixo co, nunca haverá hífen”, afirmou.

O acordo ortográfico deveria ser adotado nos oito países que falam o português, mas só entrou em vigor no Brasil. O objetivo seria a unificação da grafia para fortalecer o idioma no mundo e facilitar trocas culturais, como o comércio de livros. Se for adotado nos demais países, os exemplos de dupla grafia vão ser ainda maiores, já que serão consideradas corretas diferenças no jeito de escrever palavras que têm diferenças nas pronúncias. É o caso, por exemplo, de “cómodo”, no português lusitano, e “cômodo”, no brasileiro.

O Volp é claro, pelo menos, quando estipula o jeito de escrever o nome de espécies animais e vegetais. Nesses casos, sempre haverá hífen: “beija-flor”, “bem-me-quer”, “couve-flor”, “água-de-coco”. É por essa razão que “mão-de-vaca” só será escrito com hífen quando designar o nome de uma árvore. Os sovinas serão chamados de “mão de vaca”. O Volp também toca em pontos anteriormente não muito claros nas gramáticas. As palavras “não” e “quase”, quando forem prefixos, nunca pedirão hífen. O correto é “não fumante” (antes “não-fumante”). A ABL ainda não sabe quando o Volp estará disponível no site da instituição. Por enquanto, só a versão antiga pode ser acessada pelos internautas.

Ibeu oferece bolsas de estudo nos Estados Unidos

Interessados devem se inscrever até o próximo dia 30 e precisam atender a uma série de requisitos para conseguir a vaga

Sair do Ensino Médio de malas prontas para alguma universidade norte-americana. Essa é a proposta pela qual o Instituto Brasil-Estados Unidos (Ibeu) tem se consolidado como uma grande oportunidade para brasileiros que pretendem estudar fora do País. Este ano, disponibilizará 18 vagas das mais diferentes áreas. Os interessados devem se inscrever até o próximo 30 e devem atender a uma série de requisitos para conseguir a vaga.

Além da faixa etária, restrita a pessoas de 17 a 21 anos, o candidato deve obter ao menos 213 pontos num teste específico de proficiência de inglês, o TOEFL (sigla para Test of English as a Foreign Language). Também é preciso ser solteiro e ter disponível no mínimo US$ 12 mil para suprir as despesas pessoais durante o curso. Atendendo a esses critérios, o aluno terá direito a até 80% do custo anual do curso em qualquer universidade dos Estados Unidos — a escolha da instituição também depende de avaliação.

A duração do auxílio é de um ano, com possibilidade de renovação por todo o curso superior, e os selecionados irão iniciar o período de estudos entre os meses de agosto e setembro de 2010.

Para a chefe do setor de bolsas do Ibeu, Neide Monteiro, é importante ressaltar aos interessados que se trata de vagas para um público específico. “Não basta apenas ter o Ensino Médio completo. É preciso ter excelente aproveitamento, ser fluente em inglês, ter renda e ainda atender a todos os critérios necessários para viajar.”

Neide entende que o alto rigor na escolha dos alunos é a justificativa para o ótimo rendimento dos alunos brasileiros nas universidades norte-americanas. “A maioria dos estudantes que já conseguiram bolsa se tornou membro das listas de honra das instituições que passaram. Por isso, esse programa tem sido muito valioso para todos”, afirma.

Ainda segundo Neide, antes de os interessados se inscreverem, é recomendável prestar a todos os detalhes do processo de seleção. “O fator renda é fundamental, já que a bolsa não prevê benefício financeiro.” (Henrique Nunes/Da Agência Anhanguera)


Autor: Fabiano Ormaneze
Fonte: Correio Popular

21/04/2009

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